sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

PM Morre em Treinamento para Salva-Vidas


PM morre em treino para ser salva-vida
Vítima sonhava em terminar a casa

Soldado de 26 anos teve um infarto durante série de nado, em Cidreira

Durou menos de 60 metros o treinamento na água do soldado Rafael de Souza Pereira, 26 anos, na manhã de ontem, em Cidreira, no Litoral Norte. Ao iniciar a primeira série de nado, às 10h20min, ele sofreu um mal súbito e caiu desacordado, para desespero dos companheiros de treinamento da Operação Golfinho.
Com infarto agudo do miocárdio, Pereira morreu às 14h30min no Hospital da Ulbra de Tramandaí. Segundo o major Ederson Franco, responsável pelo treinamento, o atendimento foi feito com “toda agilidade”, embora não houvesse ambulância no local. Pereira foi levado da lagoa, em que treinava com outros 19 colegas, em um carro particular.
– Quatro minutos após os primeiros socorros, já estávamos no hospital. De lá, ele foi em uma UTI móvel para Tramandaí. Foi uma fatalidade – lamentou Ederson.
O soldado fazia parte da turma de novatos que completavam uma semana do curso da Operação Golfinho. Os participantes recebem R$ 57 de diária enquanto buscam um certificado de salva-vidas e uma vaga no policiamento de verão. O curso, que abrange cerca de oito horas diárias, exige bastante o físico dos PMs. Desistências e reprovações são comuns.
Segundo os colegas, o soldado, natural de Cruz Alta, contava ter servido o Exército e aparentava bom preparo físico. Inclusive naquele dia.
– Nós fazemos uma corrida de 40 minutos a uma hora antes de chegar à lagoa. Quando o ritmo puxou, ele se manteve lá na frente com a gente – conta um dos colegas.
Além da falta de ambulância no local de treino, os soldados citam preocupação pela falta de acompanhamento médico, o que faz com que eles apelem para a automedicação em caso de desconforto com os exercícios.
– Acho que não tem um que não gasta uns R$ 200 em remédio – disse um dos PMs que não quis se identificar.
O grupo, hospedado na colônia da Associação de Tenentes em Cidreira, foi reunido para receber a notícia da morte do colega. Os policiais fizeram uma oração e tiraram o resto da tarde de luto. Por ser da distante Cruz Alta, Pereira passara o fim de semana na colônia, tempo para se aproximar dos colegas. Mostrou fotos de familiares e incentivou os mais cansados. Deixou a imagem de “cara super gente fina”.
Alguns colegas acreditam que a morte levará a desistências no curso.
– O colega de quarto dele disse que saiu sem saber se ia voltar. Eu mesmo não sei como vou fazer. Olhar a lagoa e não lembrar do colega saindo apagado lá de dentro. Mas de repente isso acabe unindo o grupo – resume um dos soldados, emocionado.
O comando da BM de Cruz Alta divulgou nota lamentando a morte do soldado.
Vítima sonhava em terminar a casa

O soldado Rafael Souza Pereira deixou Cruz Alta para participar da Operação Golfinho com um objetivo em mente: economizar o que ganhasse trabalhando na praia para finalizar sua casa. Assim que concluísse a obra, realizaria outro grande sonho: casar-se com a namorada.
– Determinação define bem a personalidade do Rafael. Ele gostava de superar desafios, estava sempre se atualizando e procurando fazer mais e melhor – diz o cunhado Everton da Silva.
O jovem que sonhava seguir a carreira militar começou no Exército, onde chegou a ser cabo. Há dois anos, foi aprovado no concurso para a Brigada Militar e pretendia crescer para assumir outras funções dentro da instituição.
Apesar do sonho antigo de ser salva-vidas, esta era a primeira vez que ele participava da Operação Golfinho, de onde deveria retornar em 10 de março.
Segundo filho de uma família com quatro irmãos, gostava de jogar futebol e tocar violão. Alegre e extrovertido, entre os familiares deixa a imagem de alguém feliz e prestativo.
No enterro no Cemitério Municipal de Cruz Alta, hoje, a Brigada Militar deve homenagear o soldado morto em serviço com honras militares.CAUE FONSECA | CIDREIRA
Saiba mais
- Rafael de Souza Pereira fazia parte da turma de novatos do curso da Operação Golfinho – que começa no dia 13 de dezembro no litoral gaúcho.
- Os participantes buscam um certificado de salva-vidas e uma vaga no policiamento de verão.
- O curso abrange cerca de oito horas diárias de atividades.
 
ZERO HORA
Fonte:http://www.abamf.com.br/noticia/364-PM_morre_em_treino_para_ser_salva-vida.html

Um comentário:

  1. Lamentável a morte do companheiro, sou gv e respeito o limite de todos, normalmente nos treinamentos existem alunos que realmente passam mal devido a exposição ao calor, frio, treinamneto constante na década de 90 perdemos 2 alunos no mar. enfim , que o Senhor envie o espírito consolador a essa família que perdeu um guerreiro, um soldado que renunciou o tempo , a família para se especializar.

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